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sábado, 1 de agosto de 2009

Poema

Se alguém souber responda, por favor,
Pois já me perdi na lágrima que sobrou...
Já risquei todas as páginas
Tentando recriar os corredores que passei.
Se alguém tiver idéia me responda, por favor,
Pois já não sei mais quem sou,
No espelho vejo uma face estranha
Uma lagrima traduzindo distancia,
Ora vejo-me criança,
Ora vejo-me idoso...

Se alguém imaginar diga-me, por favor,
Pois já perdi de mim até o que sobrou,
Nos auto-retratos sou versos tristes,
Nas fotos um sorriso falso,
Nos contos um brincalhão palhaço
De face pintada de felicidade...

Se alguém souber diga-me, por favor,
Alma, corpo, mente, poesia, sem sincronicidade.
Ora vejo-me sentado num banco
Como um senhor de cabelos brancos,
Observando livros de amores
Enquanto o mundo perde as cores,
Conservando apenas preto e branco,
Traduzindo em cinzas sonhos...
Ora vejo-me correndo e brincado demais,
Sem tempo a perder com encucações,
Vivendo plenamente ilusões,
Dando mais poderes aos super-heróis,
Criando monstros nos escuros
Reforçando meus escudos...
E pouco ou quase nada há de “nós”.

Se alguém imaginar não me diga, por favor,
Pois é triste ser traduzido em solidão,
Ver versos desconexos;
Face avessa, fase infinda, e quase sempre um não.
Frases presas, que saltam dum porão
Perdendo-se cada vez mais...
Se alguém souber não me responda, por favor,
Meu espelho esta coberto
Com o pano brando e alvo da solidão...
Não esta a espera desta face
E daquela face também não...
Mas ajude-me a compor outro,
Bem diferente deste...
Um novo verso que não seja um pranto,
Uma poesia que não seja apenas minha,
Uma rima que traduza felicidade e alegria.

~~Rogério Almeida~~

Lucas Cedraz (Livro: Lagrimiso)

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